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Um dia tem 24 horas: oito horas para os estudos, outras oito para o sono e as restantes reservadas para o lazer. Na teoria, essa divisão pode até parecer equilibrada e coerente, porém, na prática, não é isso que acontece. Quantas vezes você viu o dia acabar sem conseguir fazer tudo o que precisava ou desejava? É, mas ainda não inventaram nenhum mecanismo capaz de paralisar ou de retardar o tempo de rotação da Terra. Por isso é preciso se organizar e fazer com que essas poucas horas se tornem produtivas, sem comprometer, é claro, nenhuma das atividades vitais para o bem-estar do corpo e da mente.
E aí, como você divide o seu tempo? Em época de vestibular, não dá para negar que grande parte da rotina é destinada aos estudos. Afinal, são milhares de teorias, centenas de fórmulas e muitas obras literárias para serem absorvidas em poucos meses. Sem contar o tempo que o 3º ano do Ensino Médio demanda com as provas e as atividades extra-aula. E, por vezes, estudantes acabam passando madrugadas em cima dos livros, a fim de ganhar tempo e disparar na frente da competição. O problema é que a má qualidade do sono pode acabar sendo o seu pior inimigo nessa maratona.
A privação do sono, segundo o professor do departamento de Fisiologia da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Fernando Mazzilli Louzada, acaba reduzindo os níveis de atenção do estudante, comprometendo o aprendizado e, conseqüentemente, seu rendimento. Além disso, o sono tem outra característica muito importante no processo do ensino, ele é um dos principais responsáveis pela consolidação dos novos conhecimentos. “Um jovem precisa dormir, em média, entre 8 e meia e 9 horas para recuperar todas as suas energias e encarar os desafios do próximo dia”, alerta.
Mas nem sempre é possível atingir essas médias. As pesquisas revelam que grande parte dos adolescentes urbanos, ou seja, aqueles que têm acesso às tecnologias modernas, estão perdendo diariamente uma hora ou uma hora e meia de sono. Caio Eduardo Beda de Oliveira, 19 anos, é um dos milhares de pré-vestibulandos que fazem parte dessa estatística. O estudante reserva apenas cinco horas do seu dia para o sono. “Não posso fazer muito para mudar isso, já que tenho que acordar às 5h00 para ir ao cursinho e só posso dormir à meia noite – horário em que chego da escola do Ensino Médio”, afirma.
Para tentar driblar o sono, muitos estudantes acabam não respeitando os limites do próprio corpo. Quantas vezes você não se entupiu de energéticos, pó de guaraná ou cafezinhos para se manter acordado até altas horas da madrugada ou nas primeiras aulas do dia? É, esse até pode ser um truque para manter o corpo acelerado no momento em que ele pede descanso. Porém não funciona para o processo de aprendizado. “Para aprender é preciso estar centrado e quando toma energético a pessoa fica agitada, não conseguindo se concentrar”, explica o professor de História do Cursinho da Poli, em São Paulo, Elias Feitosa de Amorim.
Caio também sente o peso da sonolência, mas para contornar essa incidência nada melhor do que tirar uma soneca nas horas vagas. “Para garantir um bom lugar no cursinho tenho que chegar uns vinte minutos antes de começar as aulas, e aí aproveito esses preciosos minutos para descansar os olhos. Além disso, sempre que possível, acabo dormindo na parte da tarde”, diz Caio. “Não posso negar, no entanto, que o sono está sempre atrás dos estudos e das demais atividades”, completa.
Um ritmo que só contribui para a diminuição da concentração e para o aumento da tensão. “Além da rotina estressante dos estudos, o aluno sofre uma pressão emocional, familiar e até do mercado de trabalho. E para vencer essa batalha é preciso estar preparado intelectual, fisica e psicologicamente”, assegura Amorim. Desta forma, ele orienta que os vestibulandos respeitem os horários do sono, do lazer e do estudo. “Quando um começa a comer o espaço do outro é sinal de prejuízo”, garante. A palavra chave do sucesso do aprendizado é o equilíbrio.
Em que horário você rende mais?
Enquanto alguns alunos preferem estudar na parte da manhã, outros, mesmo dormindo as recomendadas nove horas de sono, não conseguem se concentrar nesse horário. Essa preferência, de acordo com o professor da UFPR Fernando Louzada, está diretamente relacionada ao rendimento do estudante. “Algumas pessoas são mais matutinas, outras mais vespertinas”, afirma. “O que acontece na adolescência é que o matutino fica menos matutino e o vespertino fica mais vespertino, já que nessa fase existe uma tendência ao atraso”, explica. Ou seja, é um período em que todos os jovens acabam acordando mais tarde.
Embora as pesquisas apontem que essa característica seja geneticamente influenciada, também está relacionada aos limites e às disciplinas. “Claro que é muito importante ter horários para dormir, para acordar, para comer e para estudar. Mas muitos adolescentes acabam não rendendo tanto quanto poderiam por não conseguirem ajustar seus horários aos impostos”, conta Louzada. “Respeitar essas preferências também é fundamental para o processo de aprendizagem”, alerta.
E você, já sabe qual é o horário em que rende mais? Clique aqui e preencha o teste elaborado pelo Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos da USP (Universidade de São Paulo) e descubra o seu perfil.