29 Dezembro, 2008 by Vitorino Seixas
Quando o professor e a escola querem formar um cidadão ou cidadã (criativo, analítico, crítico, responsável, sensível, humilde, flexível, humanista), não se pode “dar” aula. A expressão “dar aula” trás embutida em si, um conceito de ensino de conteúdos escolarizados. De maneira simplória poderíamos dizer que esse tipo de visão escolar prevê que os conteúdos curriculares são coisas já definidas e estanques e que o professor poderá dominá-los por completo e poderá passar aquilo tudo ao aluno. Imagina-se que o aluno poderá “apreender” todo o conteúdo, e que poderão ser elaboradas provas que medirão de forma adequada o quanto os alunos apreenderam dos conteúdos.
As coisas não são tão simples assim. A sociedade se tornou mais complexa, mais ágil e dinâmica e actualmente deseja-se que cada pessoa seja mais do que um executor de alguma profissão. Não se pode mais dizer que alguém está “formado” e que com isso, poderá gozar de estabilidade ocupacional na sociedade.
Assim, recordando, não se consegue mais ensinar tudo o que seria necessário a uma pessoa; precisamos desenvolver nelas a capacidade de aprender e de perceber os objetos da sociedade e da natureza e as relações entre uns e outros, por conta própria.
Para fazer isso, a escola não pode mais “dar” aula. Digamos que o aluno precisaria “pegar” aula. Ou seja, devem ser propostos desafios, tarefas e trabalhos (individuais e em grupo) de modo que, durante o tempo todo o aluno esteja buscando o conhecimento, e desenvolvendo conhecimento, habilidades e valores humanos.