Fonte: Mundo Vestibular
Nervosismo na hora da prova
O enfrentamento das provas dos vestibulares mais concorridos do país talvez seja o primeiro grande desafio profissional dos jovens.
É fácil mensurarmos esse desafio: a conquista de uma vaga em uma universidade pública no curso de medicina, por exemplo, significa obter um prêmio de cerca de R$ 225.000,00 – preço médio que o aluno pagaria pelo curso em uma universidade particular.
Um candidato que não apresentar um grau de excelência nos quesitos técnicos (conhecimento do conteúdo programático) e psicológico (administrar a ansiedade no momento da prova) terá sérias dificuldades para obtenção de êxito. Nesse artigo, estou preocupado com o equilíbrio psicológico.
Por que tanta gente “derrapa” no momento da prova? O que faz com que candidatos capacitados em termos de conhecimento fiquem nervosos a ponto de não conseguirem reverter em pontos o que sabem – têm brancos e sensações físicas como: taquicardia, suor excessivo, tremores, entre outros.
Inicio a reflexão sobre isso com um pensamento:
Os homens são perturbados não pelas coisas em si, mas pelo que pensam sobre elas.
Epitectus, 70 a.C.
Exatamente isso. São os pensamentos que contam. Sempre que você experimenta um estado de ansiedade intensa, existem pensamentos que definem e fortalecem esse estado. Alguns leitores podem estar questionando se é possível os pensamentos produzirem as reações físicas observadas durante o nervosismo. Não é difícil comprovarmos isso.
Imagine um limão bem suculento. Imaginou? Agora, corte esse limão. Pegue uma das metades e esprema-a em sua boca… Se você fez esse exercício com concentração, provavelmente salivou. Viu como pensamentos produzem reações físicas?
Mas como isso pode ocorrer durante a prova? Observe:
//
(reação física)
(pensamento)
(reações físicas)
(pensamento)
(reações físicas)
(pensamento)
Você observou que foi uma seqüência de pensamentos que intensificou as reações físicas e culminou no famoso branco. Mas como impedir que isso aconteça? É importante que identifique o que está pensando e verifique a veracidade dos seus pensamentos antes de agir. Veja:
(reação física)
Estou ficando nervoso.
(pensamento)
Tenho certeza de que quem está levando essa prova a sério também está nervoso.
(pensamento compensador)
(pensamento)
(pensamento compensador)
Estar vigilante aos pensamentos e considerar o maior número de ângulos possível para resolver um determinado problema pode levar a pessoa a novas conclusões e desfechos. É importante ter em mente que:
· se, para que tenha paz, você precisa da certeza de que irá passar, você nunca terá paz. Essa certeza é impossível;
· se, para que tenha paz, é preciso lembrar-se de tudo, você jamais terá paz. É impossível se lembrar de tudo;
· se, para que tenha paz, é necessário dar tudo certo no dia da prova, você não terá paz. É perfeitamente possível que algo dê errado sem que isso o prejudique a ponto de impedir a conquista de sua vaga.
A identificação e a modificação dos pensamentos são um ponto central para a diminuição da ansiedade, e colocá-los em prática exige treino. Os simulados estão aí para isso. Treine bastante e boas provas!
Celso Lopes de Souza é médico psiquiatra e membro do Programa de
Orientação Psicológica do Anglo.